IEPS - INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA EM SAÚDE

Atividade física melhora o desempenho mental

Os efeitos do exercício físico para a saúde tem sido amplamente estudados e reconhecidos. São fartamente documentadas alterações fisiológicas em pessoas que praticam atividade física com regularidade – como redução do nível de glicose no sangue, metabolização mais eficaz de gorduras, diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca de repouso. É notório também quanto a pratica contribui para a diminuição da incidência de doenças como diabetes, infarto e acidente vascular cerebral. Décadas de estudo evidenciaram que o exercício tem também inegáveis efeitos ansiolíticos e antidepressivos, isto é, a prática de atividade física esta significativamente relacionada à diminuição da ansiedade, depressão, stress e ao aumento da auto-estima. A maneira como essa influência se dá no sistema nervoso central, no entanto, ainda não está clara.

Há fortes indícios de que o exercício favorece o aprimoramento da função cognitiva em razão da melhora na eficiência neural que, por sua vez, é possivelmente produto de um maior fluxo de sangue no cérebro – o que intensifica a atividade do sistema nervoso central. O interesse pela investigação se justifica pelo crescente número de pessoas acometidas por algum tipo de transtorno de humor ou de ansiedade. A melhora do estado emocional geral parece estar relacionada a alterações no metabolismo de neurotransmissores como Ácido Gama-amino-butírico (GABA), dopamina, serotonina e norepinefrina no sistema límbico( área do cérebro associada à recompensa e ao prazer). Também há indícios de influencia na síntese de opióides endógenos (substâncias produzidas pelo corpo que reduzem a sensação de dor e aumentam a de bem-estar).

Nos últimos anos, pesquisadores estão voltando suas atenções também para influência do exercício em funções cognitivas superiores – como atenção, aprendizado, planejamento, inibição ou estimulo da capacidade de tomar decisões e memória de trabalho (que funciona como um depósito de armazenamento temporário de informações – usado, por exemplo, quando memorizamos um número de telefone por um breve período). São justamente as capacidades de raciocínio e consciência que nos tornam diferentes de outros animais.

Estudos com grupos de voluntários mostram que o exercício é capaz de melhorar os níveis de atenção e memória, diminuir o tempo de reação a estímulos e de conflito durante a tomada de decisões. Outras investigações indicam que a amplitude da P300, uma onda eletroencefalográfica variável, referente ao processamento de informações recebidas pelo cérebro, aumenta significativamente após exercício agudo e crônico. Isso significa que essa prática favorece a classificação dos estímulos e o processamento cognitivo. Como a P300 está relacionada à atenção, e essa à ativação cortical, o exercício promove o que se chama de “alocação de fontes de atenção e memória de trabalho”.

Moeda corrente

Como o exercício contribui para aumentar o fluxo sanguíneo cerebral regional, isso conseqüentemente pode alterar a habilidade de aprendizado e resolução de problemas. Pesquisas realizadas em animais têm documentado aumentos transitório de fluxo sanguíneo cerebral na extração de oxigênio e na utilização de glicose durante a execução de tarefas motoras após a atividade física. É bastante provável que o exercício prolongado deflagra mudança na atividade neural e isso traga conseqüências de longo prazo significativas na plasticidade neurológica e comportamental.

A hipótese neuroquímica considera que mudanças cognitivas decorrentes do exercício sejam resultado de alterações neuroquímicas em estruturas cerebrais responsáveis por diferentes funções. Em 1999, a pesquisadora Henriette van Praag e sua equipe, do Instituto Salk para Estudos Biológicos nos Estados Unidos, observaram neurogênese, isto é, o nascimento de novos neurônios em ratos que haviam praticado atividade física. Eles notaram aumento da taxa de crescimento de novos neurônios no giro dentado do hipocampo, uma estrutura do cérebro relacionada à memória. O mesmo não ocorreu no grupo que não fez atividade física. Como exatamente o exercício aumenta a proliferação de neurônios hipocampais ainda é uma incógnita, embora haja uma série de mecanismos candidatos sendo estudados.

Um dos mais importantes efeitos do exercício é a plasticidade do sistema vascular cerebral, a chamada angiogênese – ou o crescimento de novos capilares a partir de vasos preexistentes. Inicialmente acreditava-se que esse processo, assim como a neurogênese, estava limitado a períodos específicos do desenvolvimento ou ocorria em resposta a patologias. No entanto, mais recentemente foi constatado que a angiogênese é uma conseqüência natural da prática de atividade física.

About Dr. Dirceu de Lavôr Sales

Dr. Dirceu de Lavôr Sales, médico especializado em Clínica Médica, Acupuntura, Homeopatia, tratamento da Dor e presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa em Saúde